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Madrugada de Inverno

Posted by Fernando Batista On 0 comentários

Madrugada solitária de inverno. Estou deitado e sem sono, estranhando a falta de novidade nisso enquanto alguns mosquitos me imploram a morte, voando bem perto...



Só de maldade os deixo viver, batendo contra a parede branca, confusos, sem saberem onde é a saída desse quarto miúdo, cujo os únicos refúgios da luz são embaixo da cama e dentro da minha alma. De repente, como se por milagre, nada acontece, e tudo continua exatamente na mesma agradável monotonia em que estava. As horas passam, o sono não chega, alvorece.


O tempo não parou junto com os sons da noite, sei disso, mas eles deram lugar a barulhos de motores esquisitos, e é como se tivesse parado, pois me sinto dormindo-acordado de dia, e, acreditem, tem gente que anda de carro e acha isso errado. Essas pessoas barulhentas passam na minha rua o tempo todo com seus carros, algumas vão trabalhar, para ganhar dinheiro para alimentar os filhos para que eles depois trabalhem e ganhem dinheiro pra comprarem um carro. Dizem que as pessoas que querem viver o suficiente para comprarem o seu devem dormir direito, então acho que não terei um automóvel. Não por falta de vontade de viver, mas por estar preso a noite e ao mesmo tempo estar condicionado a ter que conviver com os que se consideram normais, e desperdiçam suas madrugadas dormindo enquanto a mais bela sinfonia é tocada, e a mais fantástica mágica, a do orvalho pousando sobre as folhas, acontece, enquanto a magnífica obra do quarto dia é exposta no manto negro que reveste o milenar firmamento... Como pode o mundo dormir a noite?
Tudo bem... Compreendo que estou meio errado, os ateus poderão dizer que até meu deus dormiu todo santo dia (mesmo antes de criarem a definição do que é um dia), amigos preocupados... Outros podem achar a morte precoce é motivo suficiente para que repousemos, oras, como posso eu, um mero mortal, ficar acordado? Devo morrer toda noite, como todos morrem, de bocado em bocado...
Quer saber, o mundo inteiro deve estar certo, vou dormir, para estudar, para ganhar meu diploma, pra estudar mais, para trabalhar, pra ganhar outro diploma, fazer uma montanha de certificados, e poder ganhar dinheiro pra comprar meu carro. Porque, por menos previsível que eu seja a curto prazo, às vezes me sinto mais um desses mosquitos motorizados batendo a cara contra a parede branca de um quarto pequeno numa noite de inverno.

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