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Carta à menina morta

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Texto antigo... Se não me engano é de 2000.

Vai-se embora mais um dia,
Toca-se a Ópera da Morte...
Ouça o silêncio que se irradia
Enquanto anda em busca de sorte.

Não cansa dessa aliança?
Proposta de um mundo vazio...
Nos dizem para ter esperança
Mas sei que tudo deve ser frio.

Tão distante de tudo estou...
Não queria que queimasse assim.
Por tanto tempo busquei e veja o que sobrou,
Um grande vazio dentro de mim

Por que não se pode sorrir de alegria?
O amor foi um dia algo tão bonito...
Não suporto estes surtos de nostalgia...
...pois é como buscar luz no escuro infinito.

Onde houve esperanças de paz
Hoje há dores e gritos
Sei que em algum lugar teu amor jaz.
Por que não busca o Remédio dos aflitos?!

Linda mulher menina moça
Sei que sente-se perdida
Antes reclamava da louça suja
Hoje reclama de tudo na vida!

Talvez prefira se jogar no abismo da dor
Caso decida por isso nada poderei fazer
Mas nunca diga que por ti ninguém nunca sentiu amor
Porque seria uma feia mentira a se dizer.

"Que minha amiga enterrada nos seus olhos de alumínio descanse em paz."

Queria destruir algo bonito hoje

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Tyler Durden - Fight Club, 1999

Demência Niilista

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Aos poucos me enclausuro no casulo criado pela sonolência de uma existência vazia. E, ainda que tentado pelo conhecimento, me vejo sonolento e isto por si só destrói a falsa vontade de continuar vivendo. Aos poucos fecho os olhos, vou morrendo, embebido por esse câncer de saber que nada há. E desse viciante néctar niilista me embriago, cada vez mais ciente de que nada se pode afirmar. E tudo me enoja e me faz querer vomitar, já não quero ver pessoas, acho ridículo até esse estranho ato de rimar. Já não mais quero ler, já não mais quero respirar, já não quero nem querer pois sei, ou acho que sei, que o próprio querer é uma ilusão criada por um gnomo pra nos enganar.

Do not try to bend the spoon — that's impossible.
Instead,only try to realize the truth: there is no spoon


Oh, existência vazia! Oh, engano! Oh, malditos oh's que preenchem textos sem sentidos de blogs inexistentes. Queria eu poder querer que o que todos quisessem fosse, ainda que sem querer, querer que o querer independesse do que quero. Nada existe, você não existe, eu não existo, não existe texto, nem ao menos algum comentário existirá. Não há mouse, não há cliques, não há colher. Nada há.

Madrugada de Inverno

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Madrugada solitária de inverno. Estou deitado e sem sono, estranhando a falta de novidade nisso enquanto alguns mosquitos me imploram a morte, voando bem perto...



Só de maldade os deixo viver, batendo contra a parede branca, confusos, sem saberem onde é a saída desse quarto miúdo, cujo os únicos refúgios da luz são embaixo da cama e dentro da minha alma. De repente, como se por milagre, nada acontece, e tudo continua exatamente na mesma agradável monotonia em que estava. As horas passam, o sono não chega, alvorece.


O tempo não parou junto com os sons da noite, sei disso, mas eles deram lugar a barulhos de motores esquisitos, e é como se tivesse parado, pois me sinto dormindo-acordado de dia, e, acreditem, tem gente que anda de carro e acha isso errado. Essas pessoas barulhentas passam na minha rua o tempo todo com seus carros, algumas vão trabalhar, para ganhar dinheiro para alimentar os filhos para que eles depois trabalhem e ganhem dinheiro pra comprarem um carro. Dizem que as pessoas que querem viver o suficiente para comprarem o seu devem dormir direito, então acho que não terei um automóvel. Não por falta de vontade de viver, mas por estar preso a noite e ao mesmo tempo estar condicionado a ter que conviver com os que se consideram normais, e desperdiçam suas madrugadas dormindo enquanto a mais bela sinfonia é tocada, e a mais fantástica mágica, a do orvalho pousando sobre as folhas, acontece, enquanto a magnífica obra do quarto dia é exposta no manto negro que reveste o milenar firmamento... Como pode o mundo dormir a noite?
Tudo bem... Compreendo que estou meio errado, os ateus poderão dizer que até meu deus dormiu todo santo dia (mesmo antes de criarem a definição do que é um dia), amigos preocupados... Outros podem achar a morte precoce é motivo suficiente para que repousemos, oras, como posso eu, um mero mortal, ficar acordado? Devo morrer toda noite, como todos morrem, de bocado em bocado...
Quer saber, o mundo inteiro deve estar certo, vou dormir, para estudar, para ganhar meu diploma, pra estudar mais, para trabalhar, pra ganhar outro diploma, fazer uma montanha de certificados, e poder ganhar dinheiro pra comprar meu carro. Porque, por menos previsível que eu seja a curto prazo, às vezes me sinto mais um desses mosquitos motorizados batendo a cara contra a parede branca de um quarto pequeno numa noite de inverno.

Doce

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Desde cedo gostamos do que é doce
e, ao crescermos, surgem exceções.
Ao crescermos, conforme mudam os desejos, nos atraimos cada vez mais pela carne.
O desejo que sentimos cada vez mais pela carne às vezes está carregado de veneno.
O veneno que carregamos recheia nossa carne, que é por natureza traiçoeira...
E descobrimos ao final de toda essa tragédia iminente o quanto esse veneno é doce.
E a troca de venenos não mata, mas faz o contrário...
E tudo o que somos de repente não passa de desejo, carne, veneno e doce.

Pessoas Engraçadas

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Algumas pessoas são fúteis engraçadas...Elas passam seus dias frustradas, reclamando por não encontrarem alguém que as valorizem... Mas procuram só as erradas! Sabe a que conclusão cheguei após muito observar? Que essa é uma forma muito FÚTIL agradável de confortar sua consciência.

Funciona assim: Procura-se a pessoa errada (aquele musculoso de cabeça oca que você fantasia que crescerá, ou aquela linda mulher que, apesar de ter saído com metade da cidade, você jura que mudou contigo). Até que um dia a pessoa enjoa e quer partir pro próximo pedaço de carne cai na real e vê que a outra não é bem aquilo desejava! E parte pra outra! Pra próxima pessoa da fila... E pra próxima... E pra próxima... Sim, porque hoje em dia as pessoas têm fila, não coração.

-Pegue sua senha e vá para o final - é o que dizem, mas as vezes o final não é assim tão distante quanto pensam.


E eu achava que minhas piadas eram ruins


E você acha que por não terem tantos pretendentes a próximo dão o braço a torcer?! Não mesmo! Afinal de contas elas são o que são, não o que dizem e se não gostou tem quem goste entre tantos outros clichês.

O incrível não é que existam pessoas assim, mas o fato de estarem sempre olhando em volta e reparando como a outra é galinha, como o outro é idiota. E, por vezes, culpando O MUNDO por serem infelizes!!! Sim, a culpa é delas e elas põe em quem quiserem, incluindo o MUNDO! Convenhamos... É bem mais fácil culpar todo o resto do universo que mudar sua forma de tentar ver os fatos uma vez que seja, não?

Talvez essas palavras não lhe tenham dito nada, mas se você parar pra pensar nos próprios atos quando for chamar alguma garota de biscate (ou algum cara de babaca) de novo, terá valido a pena.

Contente de tão triste

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É o último nível de tristeza. Quando se leva golpes e mais golpes, na testa, no coração, pulmões são arrebentados por essa falta de ar que os murros do destino são são tão hábeis em causar...


Não estranhe quando já não houver mais esperanças de sorriso e quando a noite te sufocar com os dedos negros da solidão e você, num acesso de loucura, sorrir. Com a boca escorrendo sangue esboçamos a mais doentia expressão de insanidade, a expressão mais graciosa de quem foi torturado o bastante a ponto de ignorar toda a dor: o sorriso.

Velhos choram nas ruas... Mendigos pedem esmolas... Bêbados cantam suas tristezas afogados no fundo de um copo sujo de um bar podre numa cidade imunda... Mortos antes do tempo, todos eles, e nem ao menos lhes contaram. Mas todos eles, de tristeza, sorriem.

Já é tarde. Taparam nossos olhos enquanto crescíamos curiosos pra espiar a dor do outro e pensávamos ainda num jeito de cuidar de todos. Hoje já não tapam, não precisam, crescemos, sabemos tapar nossos próprios olhos. Aprendemos a estancar todo o sangramento que escorre por essas feridas abertas que chamam de ouvido.

Há quem use a expressão "chorar de rir" quando algo é muito engraçado... Para a tristeza vale o oposto, "rir de chorar"... É a irônica linha dos sentimentos completando seu círculo vicioso... Choramos de rir quando a situação não pode ser melhor, rimos quando a situação é boa, estamos normais em boa parte do tempo, choramos quando tudo vai mal... Mas quando tudo está realmente uma merda que não pode ser consertada, e nos vemos no fundo do escuro poço do desespero - eis a parte mais irônica do círculo - voltamos a sorrir!

Vejam só que curioso! SORRIMOS! Escondemos as lágrimas enquanto engolimos todas as tristezas outrora vomitadas... Sorrimos enganando aos outros, e os protegemos de nossa tristeza e protegendo a nós mesmos de ver mais gente triste assim, isso só pioraria as coisas. É um sério mecanismo de defesa tal sorriso (o de tristeza), forte o bastante para que ninguém perceba que algo vai mal. Poderoso o suficiente para ninguém se incomodar e podermos enfim relaxar buscando pensar em nada...

Isolamo-nos em nosso mundo de sofrimento e esquecemos de todos que se preocupam. E culpamos o mundo choramingando pro travesseiro, coitado do travesseiro. E nos questionamos de tal abandono, e berramos de ódio e de stress e de nojo de tudo. De repente odiamos tudo aquilo que queríamos proteger e nem sabemos ao certo o porque. Dormimos. A dor passa um pouco...

Aos poucos voltamos os pés ao chão, deixando o inferno interior queimar no esquecimento da noite passada... Plantamos um sorriso outra vez no rosto e levantamos, pedaços de carne contentes de tão tristes, para superar mais um dia nesse sombrio caminho misterioso que nosso próprio orgulho traçou e que insistimos em seguir às cegas, sozinhos, reclamando.